Ao som de Space Bound, Eminem
O carro parou no estacionamento de uma lanchonete beira de estrada, que era margeada por quartos de hotéis de uma noite.
Ela tirou a chave da ignição, jogou na bolsa de
qualquer jeito e saiu do carro. Ele a seguiu silenciosamente, a alguns passos
de distância, observando-a dar passos largos com suas pernas musculosas no
jeans colado. Ajeitou o casaco preto de capuz e entrou no recinto junto com
ela.
O ambiente era de tons escuros, possuía uma mesa de
sinuca, uma bancada que dava para um bar a frente da cozinha gordurenta e uma
fileira de mesas junto à parede. Ela havia se sentado numa dessas mesas,
tamborilava as unhas pretas na madeira enquanto olhava a bolsa carteira preta.
As ondas de seu cabelo escondiam o decote da blusa cinza.
Ele fitou-a um momento. E depois olhou para o banco
vazio na bancada. Olhou para ela e para o banco novamente. Quis esmurrar alguém
quando se viu andando até a mesa dela e sentando-se a sua frente.
Houve um som e então ela tirou o celular da bolsa.
Sorriu devassamente para tela e digitou algo. Guardou o celular na bolsa sem
fechar o zíper e levantou-se para ir ao banheiro.
Ele ficou mais do que incomodado, ficou irritado.
Observou-a caminhar até a porta, hipnotizado pelos seus quadris e pela arma
presa ao cinto do jeans azul. E então pegou o celular assim que a porta se
fechou. Vasculhou-o, conferiu mensagens, ligações, ouviu um barulho da porta se
abrindo apenas porque o jukebox trocava a música e guardou o aparelho.
Manteve-se com a expressão impassível até que ela se sentou a sua frente.
Sua mente trabalhava tentando compreender o que
vira, seria aquilo o sinal que ele
pedira?
Ela abriu a bolsa e retirou um cantil prata de seu
interior. Deu um gole. Ofereceu-lhe o cantil com um gesto. Ele o pegou e deu um
longo gole, franzindo o cenho e fechando os olhos ao sentir o gosto forte do álcool. Com o cantil nas mãos, olhou para ela, que o observava com seus olhos azuis como o céu da manhã, delineados
de preto. Ela avaliou-o lentamente, demorando-se em seu rosto: a pele alva
brilhava doentiamente sombria nas luzes fluorescentes, os punhos cerrados sobre
a mesa, músculos tensos nos braços, o peito subia e descia devido a sua
respiração desritmada, suas narinas infladas como as de um animal caçador,
maxilar travado, o cabelo preto e liso bagunçado, sobrancelhas franzidas e os
olhos de uma íris quase tão negra quanto as pupilas ardiam de ódio. E de amor.
Continua...
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