nada de Eternidade para mim


- Você tem uma escolha - A mulher de branco que me encarava e eu não conseguia acreditar ainda que era minha mãe, começou a falar com um tom tão sério que me fazia tremer - São duas opções, uma faca de dois gumes: por um lado, você pode ficar aqui, no seu paraíso particular, o lugar que você almejou em sonhos e desejo por tanto tempo, que acabou vivendo e se mantendo da Esperança de viver os dias dourados dos Invencíveis de novo. Ou, pelo outro, pode voltar a realidade, ao mundo duro, cruel, difícil, impossível - e todos os adjetivos mais que você costuma atribuir a ele - que você bem conhece, onde, não só seus amigos te esperam, como o resto do mundo, que clama por uma mudança que você nasceu para levar.
- Paraíso particular? Isso não é a realidade? Mudança que eu nasci para levar? - Eu expressei meu choque e confusão, despejando perguntas nela.
- Sim. Para todas as perguntas - Deu o sorriso brilhante que eu bem conhecia.
Eu cai em mim por um momento. Então nada havia sido real... O despertar no colo da Marina com Pedro e Aro me fitando, com o resto dos Invencíveis em volta... As roupas brancas que ressaltavam nossas auras e nosso brilho, por causa do laço que nos unia... Os risos, as brincadeiras, a certeza que tudo finalmente tinha ficado bem... Só um sonho, apenas um sonho...
- Mas saiba - Ela interrompeu meus devaneios - que se escolher ficar, há um preço.
- Um preço? Tipo o que?
- A realidade é um mundo paralelo e lá nada para. Enquanto você esta aqui, você esta morta lá, seu coração parou de bater e seus amigos pranteiam sua partida. Eles vão sofrer e o mundo não tomara o rumo que deveria se lá você estivesse para fazê-lo tomar. E se você não se decidir logo, ficará presa a eternidade daqui, pois seu corpo já não será capaz de sustentar sua falta, já estará frio e desconhecido para sua alma. O tempo está passando...
Eu olhei para trás e passei a mão pelos cabelos. Eu podia ficar ali, podia mesmo. Seria como sempre, no velho conto de fadas que me foi roubado a tanto tempo atrás. esta era a Eternidade que tanto esperei, a paz pela qual tanto rezei o fim que tanto quis. Mas eu deixei de acreditar em contos de fada no final de 2009, quando tudo se acabou diante dos meus olhos reveillon e desde então eu venho mantendo uma saudável distancia crítica que agora me diz que ficar na Eternidade não é certo, porque lá fora, em algum lugar, qualquer que fosse o mundo real, eles clamavam por mim e precisavam que eu estivesse junto deles tanto quanto o resto do mundo.
Um lágrima solitária escorreu de meus olhos...
- Eu te amo, mãe - Sussurrei abraçando-a.
- Mas...? - Ele me incentivou a continuar.
- Mas eles precisam de mim e por mais que eu queira ficar, eu não posso! Eu preciso da realidade, por mais cruel que ela seja. Tudo vai dar certo, e se não der certo porque ainda não chegou no fim. Porque tudo vai acabar bem! Porque eu os amo e isso é o bastante para mim!
- Então vá e faça o que deve ser feito, certo biscoito? - Ela me chamou do velho apelido e piscou.
- Certo, recheio - Eu retribui e quando pisquei, percebi que as coisas estavam diferentes, eu não estava no mesmo lugar.
Ouvi o choro, e soluçar, a falta de ar de várias pessoas que me cercavam, tomando consciente de que estava nos braços de alguém que me segurava forte contra o próprio peito, como se me soltar fizesse com que eu virasse pó. Foi então que aquele perfume tão conhecido me encheu as narinas e eu sorri, mesmo com toda a fraqueza de meu corpo moribundo - era o cheiro dele. O meu peito estava umido e quente - sangue, eu não precisei olhar para perceber. E alias, estava tudo molhado.
Eu estava de olhos fechados, os abri para um céu que parecia chorar a minha perda. Sim, chuva. resolveu chover e molhar tudo e todos. Ninguém me viu de olhos abertos, estavam virados - não suportavam olhar para mim e perceber a perda, talvez.
Lágrimas nos meus ombros, ele chorava minha perda. eu reuni todas as minha forças e fiz um movimento delicadamente: entrelacei meus dedos em seus cabelos negros.
- Paraíso - Ele sussurrou em meu ouvido - talvez eu tenha morrido contigo e esteja delirando.
- Não - engoli em seco - você não está.
Ele me fitou e vendo que eu estava viva, me beijou repetidas vezes. E eu poderia beijá-lo para sempre, mas quando dei por mim, estava cercada por todos os Invencíveis, a cabeça no colo da Marina, Aro e Pedro acima de mim, Irina e Matheus, Lara e Carol, Thais e qualquer um que eu pudesse pensar. Como se eu fosse o centro do universo - era justamente por isso que eu não poderia ficar sem eles, não poderia sumir e deixá-los, não seria justo. Uma Eternidade e nenhum paraíso era pálio para o meu amor e para a sensação que eu tinha ao estar com eles - os de verdade. E se fosse de ser, seria - para sempre assim, Os Invencíveis em sua essência pura e e nata. Mais brilhantes do que todas as estrelas do céu, o sol e a lua juntos, um única ceteza eu tive naquele momento, de que o bem e o amor superam tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
By Biatm ░ Cr�ditos: We ♥ it * Dicas e tutoriais da Jana