Quase lá

   Frustrante não é uma palavra boa o suficiente para descrever a decepção. 
   Mas que culpo eu tenho se acordo com a mão estendida, desesperada para alcançar meus sonhos? Que culpo eu tenho por acreditar?
   Na verdade, creio que não sou a acusada e sim, a acusadora, por apontar o dedo para a vida e perguntar: por que agora?
   Todos queremos atravessar a porta que foge, ver o cachorro falecido, a cara do desconhecido e por isso esticamos a mão. E esticamos mais. E continuamos esticando, até não poder mais. Ao cair, aqui estamos sentados numa possa de suor e lagrimas e gritos.   Diante do inexorável e derradeiro fim.
  Diz-se que não faz sentido o afastamento daquele objetivo que estamos prestes a conquistar, no momento que estamos mais próximos dela, mas faz. Mas faz, pois quanto mais perto chegamos, mais nós queremos o prêmio e quanto mais difícil for para conquistá-lo, mais valor daremos a ele.
  Mas a frustração de perdê-lo é água fervente sobre o corpo. É banho de ácido seguido por escamação.
  Perdê-lo para a injustiça, para a mentira e para não merecimento.
  Perder. Palavra pesada de conotação definitiva. 
  Perder: o derradeiro e inexorável fim.

Blood red, baby


Era exatamente igual a ser baleada. 
Veja bem, eu nunca tomei um tiro, mas assisti a filmes suficientes pra saber sobre o impacto, o momento em que o seu corpo registra o objeto estranho a seu sistema e começa a vazar.
Pois bem, eu vazei. 
Pelos olhos.
Não me acuse de ser dramática!- afinal, errada não sou eu que demonstro minhas emoções e sim todos aqueles que tem vergonha de demonstrar as suas.
Mas eis a questão: como não vazar? 
É realmente complicado, temos que admitir, ter em si ferro em brasa atravessando o peito. Entretanto, o pior da dor é querer senti-la. Se submeter a ela apenas pelo prazer de conhecer todo aquele elemento e o que ele provoca. É o prazer da dor, que nasce da necessidade humana quase tão básica quanto as necessidades animais: saber. 
Falha nossa, humano individualistas, obcecados pelo conhecimento que bem sabemos, pode nos matar. Mas quem disse que nos refreamos, que pensamos se quer uma vez antes de provar? Basta um nanosegundo e um ser humano pode implodir com as descargar de hormônios libera por toda a ação que ele esta vivendo sem se quer se mover - as vezes, sem se quer respirar. 
Ah, sem falar do ato de remover o ferro. Esta dor é que não gostamos, pois temos de nos convencer a tirá-lo, mesmo sabendo que só removendo-o que a ferida irá sarar. Mas queremos sarar? Falha nossa, humanos masoquistas, que gostamos de sofrer. Devemos ser o único animal viciado em autoflagelo por nos atermos tanto a sentimentos negativos. 
Bem aventurado aquele que disse "a ignorância é uma benção".
E o que eu poderia dizer diante da dor? Que quis me rasgar, que quis quebrar o que estava na minha frente, que apagar minha própria consciência? Não posso, pois isto ainda está longe de definir aquilo que senti. 
E o que sempre sentirei, pois nunca se esquece de um tiro. Ferida cicatrizada é nada: basta cutucar e a cicatriz volta a jorrar.
E eu volto a vazar.

 
By Biatm ░ Cr�ditos: We ♥ it * Dicas e tutoriais da Jana