Estrelas e Morangos,
Eles deslizavam as mãos por seu corpo, sedentos de sua carne macia. À luz da lua, sua pele alva parecia brilhar de um modo triste - como se ela fosse uma estrela perdendo o brilho, como se sua escêcia estivesse se apagando. Ela estava morrendo.
Agarrava-se com unhas e dentes ao pouco de vida que ainda lhe restava, mas suas tentativas de se manter firme eram inúteis - não fracas, pois ela tentava com afinco - mas mal sucedidas.
Não era para eles que ela queria se entregar, não era aquele gosto que ela queria sentir, não era ali que ela queria estar.
A garota sem coração e toda orgulhosa de si, por não ter arrependimentos, se apaixonou e se arrependeu. Odiava tanto aquele gosto, que vez em quando se pegava cuspindo no chão, enojada e enjoada de si. Que tipo de ser humano era, meu Deus? Que tipo de pessoa baixa faria alguma coisa dessas com a forma mais pura de amor de todas? Era nesses momentos que olhava para si mesma e mal podia acreditar no que tinha se trasnformado. Há seis meses, ela era uma menina confusa, louca, mas que controlava a sua própria vida e a sua loucura. Hoje, ainda era confusa, muito mais louca e... meu Deus, apaixonada, como isso foi acontecer?
Eram todos intrusos em seu corpo e estava fraca demais para se defender, mesmo odiando tudo aquilo. Como uma tola, discou o número desejando ouvir a voz da sua graça salvadora, mas ninguém atendeu. Ela se recusava a voltar lá. Recusava-se a perder o pouco que tinha. Por que estava tão perdida?
Ela era só uma estrela de coração partido, fedendo a podridão dos seus arrependimentos e com o alito infecto dos morangos mofados de Caio Fernando Abreu.
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